Os 10 últimos carros sem controle de estabilidade no Brasil em pleno 2022
A postergação foi concedida pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito) por meio da Resolução Nº 799. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) colocou a pandemia causada pelo coronavírus como impeditivo para cumprir a data determinada originalmente na Resolução Nº 567 de 2015.
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No entanto, muitas marcas se anteciparam e já oferecem em toda frota o controle de estabilidade, o popular ESP (sigla em inglês para Electronic Stability Program) ou ESC (Electronic Stability Control).
Ainda temos cinco fabricantes desfrutando do adiamento do prazo: Caoa Chery, Fiat, Renault, Volkswagen e Suzuki. Olhando a lista dos carros que ainda não contam com o item de segurança, seis dos dez modelos custam R$ 80.000 ou mais.
Deles, o Suzuki Jimny é o carro mais caro à venda no Brasil sem controle de estabilidade, custando até R$ 133.990. Curiosamente, também é o projeto mais antigo de todos, pois seu lançamento remonta ao ano de 1998.
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Porém, esse dinossauro sobre rodas , que já tem mais de 20 anos nas costas, pode estar com os dias contados devido ao Proconve L7, outra legislação que está entrando em vigor no Brasil, a fim de melhorar os níveis de emissões de poluentes dos carros aqui vendidos.
Por isso, não se espante se nos próximos meses o velho Jimny produzido em Catalão (GO) fizer companhia a esses outros 59 carros que saíram de linha por conta da nova lei de emissões .
O Caoa Chery Tiggo 2 é outro que deve ter o mesmo destino, por usar um antigo motor 1.5 aspirado. A fabricante ainda nega sua morte, porém já não se encontra mais unidades zero-quilômetro nas concessionárias.
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Os demais modelos devem seguir em linha e alguns deles tendem a ganhar o equipamento em breve. O Fiat Mobi , por exemplo, vai oferecê-lo a partir da linha 2023, pelo menos opcionalmente. A fabricante chegou, inclusive, a incluí-lo por engano na lista de itens de série na semana passada , mas logo o retirou.
Já os irmãos Fiat Argo e Cronos já oferecem o controle de estabilidade nas versões de topo. Na virada para a linha 2023, devem incorporá-lo também nas configurações 1.0 e 1.3 manuais (a 1.0 estreará na gama do sedan), além de adotá-lo na inédita opção 1.3 CVT.
Resta saber o que acontecerá com a família de compactos de entrada da Volkswagen. Gol , Voyage e Saveiro terão os motores atualizados na linha 2023 para atender ao Proconve L7. Será que a fabricante aproveitará para incluir o ESP ou ESC nos veteranos?
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A Renault vive um caso peculiar: os compactos Sandero e Logan já migraram para a o ano/modelo 2023 sem incluir o controle de estabilidade na configuração 1.0, a única que restou nos dois modelos. Curiosamente, ambos são maiores e mais caros que o Kwid, que dispõe do equipamento.
Confira abaixo a lista completa de carros zero-quilômetro ainda em linha no Brasil sem controle eletrônico de estabilidade:
Dez carros que ainda não possuem controle de estabilidade em 2022
1. Caoa Chery Tiggo 2 (Look MT e Look AT): R$ 84.990 a R$ 90.990
2. Fiat Mobi: R$ 59.190 a R$ 62.290
3. Fiat Argo (versão de entrada): R$ 74.990
4. Fiat Cronos (versão de entrada): R$ 79.990
5. Renault Sandero S-Edition e Sandero GT Line: R$ 80.790 a R$ 80.890
6. Renault Logan: R$ 81.890 a R$ 84.890
7. VW Gol: R$ 70.850 a R$ 87.090
8. VW Voyage: R$ 82.050 a R$ 95.450
9. VW Saveiro: R$ 76.650 a R$ 116.790
10. Suzuki Jimny: R$ 110.990 a R$ 133.990
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O que é e para que serve o controle de estabilidade?
O programa eletrônico de estabilidade, com a sigla ESP, foi um sistema desenvolvido e patenteado pela Bosch. O termo se popularizou tal qual aconteceu com marcas como Gillette ou Cotonete. No entanto, só é correto usá-lo quando o item usado no carro vem da empresa alemã.
Algumas marcas também têm seu próprio controle de estabilidade, como o DSC da Ford, o VSA da Honda e o VSC da Toyota. Já o termo ESC é mais genérico e pode ser usado para se referir a qualquer controle de estabilidade no geral.
Como o próprio nome sugere, sua principal função é oferecer mais estabilidade ao carro. Através de sensores geralmente posicionados nas rodas, o sistema detecta quando o veículo está prestes a perder o controle e entra em ação cortando a entrega de torque ou mesmo promovendo frenagens em uma ou mais rodas, de forma individual.
Tudo isso acontece em frações de segundos, muitas vezes imperceptíveis ao condutor (ou só perceptíveis através do rápido acendimento da luz-espia indicativa do sistema no quadro de instrumentos). O sistema normalmente atua em circunstâncias como mudança brusca de direção, entrada agressiva em uma curva ou pisos com baixa aderência.
Contudo, embora aumente significativamente a segurança do automóvel, o ESC não é um salva-vidas nem faz milagres. O ideal é ter o sistema como auxílio para garantir a estabilidade em casos de emergência, mas seguir praticando uma direção consciente, segura e defensiva.
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Controle eletrônico de estabilidade Continental
Controle eletrônico de estabilidade
A Continental inaugurou em sua fábrica de Várzea Paulista (SP) uma linha dedicada à produção de sistemas de freio ABS com controle eletrônico de estabilidade ESC. A nacionalização resulta de um investimento de R$ 23 milhões entre modernização da fábrica e contratações. O equipamento de segurança se tornará obrigatório a partir de 2020 para novos projetos de veículos até 3,5 mil quilos. E terá de equipar todos os modelos produzidos a partir de 2022 que se enquadrem nessa categoria.
A nova linha ainda opera em dois turnos. Com três, a capacidade instalada sobe a 700 mil unidades por ano. Será ampliada para 900 mil em 2020 e poderá chegar a 1,2 milhão de unidades por ano em 2021, o que depende de novos investimentos.
Outros recursos eletrônicos
A localização do equipamento abre espaço para a oferta de outros recursos eletrônicos nacionalizados, como frenagem autônoma de emergência (AEB), piloto automático capaz de frear e reacelerar (ACC), monitoramento da pressão dos pneus (TPMS) e freio de estacionamento com atuação elétrica para veículos com tambor traseiro em vez de disco.
A empresa já fornecia localmente o ESC como item importado para montadoras como Fiat, Ford, Honda, Hyundai, General Motors, PSA e Volkswagen, entre outras, e passa agora a entregar o equipamento nacionalizado.
“A localização traz sempre vantagem para os clientes, sobretudo agora com a alta do dólar”, afirma o presidente e CEO da Continental para a América do Sul, Frédéric Sebbagh.
Sebbagh recorda que os componentes utilizados no ESC nacional são trazidos da Alemanha, China e México. A linha de produção também foi fabricada na China. A Continental começou a produzir o sistema ABS no Brasil em 2013 e o projeto para a nacionalização do ESC teve início em 2017. Segundo a Continental, o controle eletrônico de estabilidade consegue reduzir em 72% as capotagens e 49% as fatalidades em caso de perda de controle do veículo.
Controle eletrônico de estabilidade
Conhecido como Electronic Stability Control (controle eletrônico de estabilidade), ou simplesmente ESC, é um item de segurança veicular que promove maior estabilidade ao carro. De acordo com o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil), o sistema faz compensações por meio de frenagens automáticas e independentes nas rodas para criar um torque de giro contrário ao descontrole do veículo para corrigir sua trajetória.
Segundo o especialista Emerson Feliciano, Superintendente Técnico do Cesvi Brasil, o ESC auxilia diretamente no aumento da proteção do motorista e dos passageiros. “O sistema utiliza os sinais dos mesmos sensores do ABS para interpretar o que está ocorrendo durante uma mudança repentina de direção, ou seja, avaliando em conjunto o ângulo em que o volante foi esterçado e acelerações laterais”, afirma.
Apesar da contribuição para a segurança automotiva, em caso de colisão de trânsito, os sensores das rodas, rodas fônicas, chicotes ou conectores, podem sofrer com danos, uma vez que o dispositivo é integrado ao sistema ABS. “Além das rodas, em veículos com o sistema ESC, os motoristas devem ficar atentos ao chicote elétrico, sensor de ângulo do volante e sensor de rotação do veículo, que devem ser avaliados se não sofreram nenhum dano no acidente”, comenta Feliciano.
Confira os componentes que fazem parte do controle eletrônico de estabilidade (ESC):
. Sensor de ângulo de esterçamento do volante: capta o quanto o volante foi esterçado pelo motorista para uma determinada trajetória, enviando essas informações para o módulo central;
. Sensor de rotação do veículo: interpreta qual foi o giro do carro em relação ao solo. Essa ação também é conhecida como giro YAW (velocidade angular de guinada). Por exemplo, quando um veículo perde a aderência e roda, ele faz um giro no seu eixo YAW;
. Sensores de rotação: localizados em cada uma das rodas, têm o objetivo de comparar a rotação entre elas. Esses sensores pertencem ao ABS, mas alimentam o módulo do sistema ESC com informações importantes sobre travamento ou diferenças muito grandes de rotação entre as rodas. É importante saber que um problema no sistema do ABS (sensores, rodas fônicas e conectores) influenciará no não funcionamento do ESC;
. Módulo central ESC: é responsável por gerenciar todas as informações dos sensores do sistema e processar esses dados, podendo então enviar comandos para os atuadores, que farão as compensações nas rodas para estabilizar o veículo.
Cesvi Brasil
Fundado em 1994, o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) é o único centro de pesquisa brasileiro dedicado à segurança viária e veicular e à disseminação de informações técnicas para o setor e também para a sociedade. Cesvi foi o primeiro centro da América Latina e é membro do Research Council for Automobile Repairs (RCAR), uma associação internacional de centros de pesquisas de seguros com os mesmos objetivo.
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