Amortecedores inteligentes: tudo o que você precisa saber sobre essa tecnologia
Mais do que um carro que beba pouco combustível, ou que tenha desempenho acima da média, o conforto a bordo é praticamente unanimidade entre todos os ocupantes de um veículo.
Se o carro gasta muito combustível, mas em contrapartida é confortável, você acaba relevando este empecilho em prol da comodidade. O mesmo acontece quando o desempenho não é dos melhores, mas o veículo faz com que os ocupantes cheguem ao destino como se estivessem viajado em um confortável sofá.
Claro, um conjunto de bancos com o amortecimento adequado é fundamental para isso, mas posso afirmar que um bom projeto de suspensão é mais do que 75% responsável por este efeito.
DRiV foi desenvolvido especialmente para o segmento de veículos leves.
Alguns sistemistas trabalham há anos no desenvolvimento de tecnologias que combinem o conforto do conjunto à esportividade (efeitos completamente diferentes quando falamos em dinâmica de direção), e uma solução foi encontrada e está sendo amplamente empregada nos veículos atuais: os amortecedores inteligentes.
Dual Mode é direcionado para modelos compactos, unindo conforto e um rodar mais esportivo.
A Monroe, empresa líder no desenvolvimento e fabricação de amortecedores, fornece componentes originais para as montadoras com esta tecnologia e, em breve, este componente deve chegar ao seu veículo (caso você já não tenha um instalado em seu veículo).
Para esclarecer sobre esta tecnologia e até algumas novidades, como o de amortecedores que armazenam energia (principalmente para veículos elétricos), entrevistamos Juliano Caretta, Supervisor de Treinamento Técnico da Tenneco.
Fernando Naccari: A tecnologia de amortecedores, ou mesmo de uma suspensão inteligente é antiga, haja visto que temos vídeos de alguns testes com este tipo de conjunto em carros e até na Fórmula 1 no início dos anos 90, mas para o brasileiro, isso ainda é muito novo. No caso da Monroe, quando vocês lançaram o primeiro amortecedor inteligente no mercado?
Caretta: O primeiro amortecedor inteligente Monroe lançado no mercado foi em 2002. Desde então, a Monroe investe intensamente no desenvolvimento e ampliação dessa linha de produtos por todo o mundo. Até o momento, já foram comercializados mais de 5 milhões de amortecedores eletrônicos e, atualmente, fornecemos esse equipamento original para aproximadamente 50 modelos de veículos diferentes.
Naccari: O amortecedor é peça fundamental na dinâmica de um veículo e, quando avariado, afeta na segurança dos ocupantes, principalmente em curvas. No caso dos amortecedores inteligentes, como eles funcionam para propiciar essa segurança aos ocupantes?
Caretta: Amortecedores inteligentes trabalham para oferecer a melhor dirigibilidade, combinando conforto, estabilidade e segurança. Sensores instalados no veículo monitoram as condições de rodagem e enviam essas informações à unidade de controle eletrônico (ECU). Depois de realizar o gerenciamento dessas informações, a ECU envia um comando aos amortecedores para que os mesmos se ajustem conforme a necessidade de rodagem, assegurando a melhor segurança do veículo. Além disso, nas curvas, o sistema eletrônico dos amortecedores controla a inclinação da carroceria, evitando que o veículo incline excessivamente para um dos lados.
CVSA2 dispensa barras estabilizadoras, reduzindo o peso do veículo.
Além de a ECU operar a carga de amortecimento necessária em cada amortecedor individualmente em tempo real, a tecnologia Tenneco para suspensão semi-ativa ou ativa prevê um modo de falha denominado “fail safe”. Seu objetivo é colocar todo o sistema de suspensão em um estágio intermediário de amortecimento em caso de pane elétrica, sendo um sistema de redundância que irá manter a segurança do veículo em qualquer condição.
Naccari: Há um método comparativo em que a gente possa dizer quanto à durabilidade de um amortecedor inteligente frente a um comum?
Caretta: Em geral, sistemas de suspensão semi-ativo ou ativo possuem maior durabilidade – entende-se que, numa condição em que o sistema de amortecimento é configurado para um nível maior de conforto, o sistema de suspensão como um todo trabalha menos, ao passo que um amortecedor comum trabalharia mais em tais aspectos. No entanto, não há um método comparativo que mostre a diferença na durabilidade dos produtos.
Tecnologia CVSAe está presente no Volvo XC40.
Temos que considerar que a vida útil dos amortecedores está diretamente relacionada às condições de utilização. Testes realizados pela Monroe mostram que um amortecedor se movimenta, em média, 2.600 vezes por quilômetro rodado. Sendo assim, a cada 40 mil quilômetros, a peça se movimenta aproximadamente 104 milhões de vezes, o suficiente para provocar o desgaste da mesma.
Atualmente, a Monroe investe em pesquisa para a utilização de materiais mais resistentes, com o objetivo de aumentar a durabilidade dos amortecedores. A empresa também investe em novas tecnologias para tornar as peças mais sensíveis aos impactos e vibrações. Porém, essa maior sensibilidade resulta em um número maior de movimentações e, consequentemente, maior desgaste. O desafio da Monroe é equilibrar todas essas variáveis e oferecer produtos com mais qualidade e tecnologia.
Naccari: A Monroe ainda não tem estes itens para o mercado de reposição independente, mas fornece-os para algumas fabricantes como item original. Poderia citar algumas marcas e modelos?
Caretta: A Monroe fornece o equipamento original para os principais veículos equipados com essa nova tecnologia, incluindo modelos das montadoras Volvo, Audi, BMW, Mercedes-Benz, Ford, Volkswagen e Renault.
Tecnologia CVSA2 está presente no Mercedes-Benz Classe G.
Naccari: Ainda falando em amortecedores inteligentes, sei que vocês estão trabalhando para que os amortecedores também possam se tornar peças vitais no armazenamento e recarga de baterias de veículos elétricos. Há um prazo para que esta tecnologia chegue aos veículos?
Caretta: Na verdade, essa tecnologia já está desenvolvida e a patente já foi registrada pela Monroe. A próxima etapa é que as montadoras desenvolvam nos veículos a tecnologia para receber essa energia produzida pelos amortecedores e que a mesma contribua para o perfeito funcionamento do veículo.
Sistema ACOCAR permite maior controle do movimento da carroceria e das rodas.
Ainda não há um prazo definido para que ela seja empregada, mas acreditamos que, em função da evolução tecnológica no segmento automotivo, ela chegará ao mercado muito em breve.
Naccari: Caso o leitor tenha um veículo com este tipo de amortecedor, quais são as dicas para que ele prolongue a vida útil do componente?
Caretta: Os cuidados para prolongar a vida de um amortecedor eletrônico são os mesmos de qualquer tipo de tecnologia de amortecedor. A recomendação principal é andar com velocidade reduzida por vias irregulares e em más condições de conservação. Além disso, evitar qualquer adaptação ou alteração das características originais do veículo, pois todos os componentes da suspensão foram desenvolvidos conforme a configuração da montadora. Por fim, orientamos respeitar o limite de peso e distribuí-lo de forma regular no porta malas ou bagageiro, o que contribui para aumentar a durabilidade das peças.
Fernando Naccari: Já, no caso dos mecânicos, na hora da troca, há alguns cuidados diferenciados na hora da substituição desta peça, como programação via scanner, por exemplo?
Caretta: Na instalação dos amortecedores, o primeiro cuidado é verificar a aplicação para garantir que se trata a peça correta, desenvolvida seguindo rigorosamente as características do veículo. Como os amortecedores inteligentes Monroe foram desenvolvidos em parceria com as montadoras, não é possível utilizar um produto de outra marca em substituição ao Monroe original, uma vez que há uma codificação específica do sistema usando logaritmos. Ou seja, se o projeto original utiliza Monroe, na reposição, será possível utilizar somente outro produto Monroe.
Também é preciso ter atenção com o encaixe dos sensores, evitando que sejam danificados ou mal conectados na montagem. Na troca, não é necessária a utilização de scanner ou qualquer sistema para programar os amortecedores novos, pois os mesmos são auto programáveis, com reconhecimento automático dos diferentes logaritmos de ajustes.
Fotos: Monroe
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Monroe apresenta novo sistemas de suspensão inteligente para automóveis – CarPoint News
A Monroe, empresa líder mundial na fabricação e no desenvolvimento de amortecedores, apresenta ao mercado brasileiro tecnologias de última geração em sistemas de suspensão inteligente. A tecnologia desenvolvida pela companhia associa sistemas hidráulicos e eletrônicos, capazes de se adaptar às mudanças da superfície da estrada 100 vezes por segundo. O resultado é uma experiência de condução única, aliando conforto, segurança e alto controle do veículo.
Os amortecedores convencionais, que equipam a maioria dos veículos comercializados no mundo, trabalham com uma única curva de amortecimento. Ou seja, o sistema mantém o mesmo comportamento, independentemente do terreno que o carro está rodando. Os sistemas inteligentes, se aliados a sensores, podem ajustar automaticamente o amortecimento do veículo, de acordo com a superfície que o pneu está aderindo. É a combinação de sofisticados sistemas hidráulicos, com poderosas Unidades de Controle Eletrônico (ECU), capazes de processar informações como o ângulo do volante, a velocidade do veículo, a pressão do freio e outros dados de controle do chassi, para ajustar independentemente o nível de amortecimento de cada amortecedor.
“As nossas tecnologias inteligentes já são aplicadas em veículos de algumas marcas no mundo, como Audi, BMW, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Nissan, Renault, Seat, Skoda, Volkswagen e Volvo. Dessa forma, contribuímos com o estabelecimento de um padrão superior de dirigibilidade e segurança no mercado, nos colocando na vanguarda do desenvolvimento de sistemas de suspensão”, explica Narciso Ichano, Gerente de Engenharia da DRiV.
Futuro
O Acocar é o sistema de suspensão inteligente ativo da Monroe, em fase de desenvolvimento. Ele permite que a carroceria do carro permaneça em repouso total, mesmo se estiver rodando em um terreno acidentado. Dependendo das preferências pessoais, o motorista pode optar por ter o mais alto nível de conforto ou uma experiência mais esportiva.
O sistema aumenta a articulação das rodas, otimizando o contato com o solo, levando a uma maior tração, o que dá aos veículos do tipo SUV um melhor desempenho off-road, por exemplo.
Ainda com olho no futuro, a Monroe está trabalhando em um sistema de suspensão proativa, com câmeras e sensores que fazem a leitura do solo à frente, ajustando a suspensão automaticamente para o terreno à frente, proporcionando benefícios ainda maiores do que as suspensões ativas.
Tecnologias de última geração em veículos do mercado
Para os amortecedores eletrônicos semiativos, a empresa destaca três tecnologias já disponíveis mundialmente:
CVSAe: é um amortecedor semiativo de controle contínuo, que ajusta os amortecedores em tempo real para obtenção de uma suspensão mais confortável e estável.
CVSA2: consiste em amortecedor semiativo de baixo peso, otimizado para veículos que requerem um “tuning” exigente e aperfeiçoado.
consiste em amortecedor semiativo de baixo peso, otimizado para veículos que requerem um “tuning” exigente e aperfeiçoado. CVSA2/kinetic: trata-se de uma solução que combina o conforto do CVSA2 com a tecnologia exclusiva de estabilidade Kinetic, voltada para supercarros e veículos off-road.
Para amortecedores eletrônicos seletivos, o destaque é o Dual Mode, que permite que com o toque de um botão no painel, a suspensão se alterne entre os modos “conforto” e “sport”.
Válvulas passivas
As válvulas passivas são outra linha de avançada tecnologia. Direcionada para veículos SUV, de luxo e esportivos, as válvulas estão disponíveis em cinco modelos e têm como principais objetivos promover uma experiência de condução mais confortável, mais firmeza no contato com o solo, sem a exigência de nenhuma parte eletrônica na suspensão ou troca do amortecedor externo.
Confira os modelos:
MTV &MTV CL – MultiTune Valve: é uma válvula para amortecedores de mono e bitubo, com aplicação para diversos modelos de automóvel, alto desempenho de ruído e resposta direta para o bom manuseio do veículo.
RV+ Rebound Valve: consiste em uma válvula de baixo custo para amortecedores bitubo, com forças de amortecimento de baixa compressão para maior conforto.
BOCS+ BlowOff CoilSpring: é uma válvula degressiva para melhor direção e resposta de massa suspensa. Permite realizar ajuste de vazão para uma abertura suave, melhorando o desempenho do NVH.
MTBO – MonoTubeBlow Off: essa válvula possui ajuste independente de extensão e compressão em todas as velocidades. Além disso, o ajuste aberto das arruelas bleeds oferecem maior conforto.
RC1/2 – Add-onvalvefor – RideComfort: o desempenho de amortecimento é sensível à frequência. Também promove mais conforto e controle da carroceria, e o ruído de rolagem é reduzido.
Fonte: Grupo Printer Comunicação
Como Funcionam as Suspensões Eletrônicas? – Fórmula UFSCar
A suspensão eletrônica é um componente integrante do sistema de estabilização automotiva de alguns carros, sendo responsável pela firmeza dos amortecedores. Essa “firmeza” é verificada através do seu coeficiente de amortecimento, e também pela altura da carroceria do carro, com a finalidade de mantê-lo nivelado.
Os tipos de suspensões se diferem quanto à forma de regulagem da altura do chassis para manter o nivelamento do automóvel. Essas suspensões podem ser do tipo ativa, semi-ativa/adaptativa entre outras.
Na suspensão semi-ativa ou adaptativa ocorre a variação do fator de amortecimento, ou seja, da rigidez da suspensão para que o veículo se adeque às irregularidades do solo ou à variações da dinâmica veicular, como por exemplo, acelerações, frenagens ou curvas. Essa regulagem da suspensão pode ser obtida de duas maneiras diferentes: através de um fluido magnético-reológico também chamado de fluído de viscosidade variável ou através de válvula solenoide.
Nas válvulas solenoides, o amortecimento é realizado através do fluxo hidráulico no interior do amortecedor que possibilita uma modificação do coeficiente de amortecimento. Conforme o impacto recebido, os caminhos do fluido dentro do amortecedor aumentam ou diminuem seu diâmetro, aumentando ou diminuindo a vazão do óleo do amortecedor conforme o pistão sobe ou desce.
Já nos fluídos de viscosidade variável, tem-se um fluído constituído de um óleo sintético com micropartículas (ferro) magnetizáveis em suspensão. Esse fluído apresenta viscosidade semelhante à de um lubrificante em condições normais, porém quando é atingido por um campo magnético se torna mais viscoso (quase sólido) de forma praticamente instantânea causando uma variação na suspensão e mantendo o nivelamento do automóvel.
Amortecedor Öhlins da Ducati Multistrada. Disponível em: Öhlins Mechatronics System
Já na suspensão ativa ocorre o nivelamento do veículo em ambos os eixos, independente da carga que ele suportará, além de compensar irregularidades (lombadas, valetas, etc) no solo ou variações das dinâmicas veiculares. Para esse nivelamento são usados sensores de altura e acelerômetros que tem a função de manter constante a distância entre os eixos e a carroceria e a distância longitudinal e lateral. Ao ocorrer qualquer discrepância dos valores são acionados compressores de ar ou uma bomba hidráulica, que regula o nivelamento adequando a pressão nas molas pneumáticas ou nos cilindros hidráulicos.
Suspensão Ativa da Mercedes Classe-S, com a tecnologia Magic Body Control. Disponível em:
Um dos comerciais que fez a tecnologia ficar famosa, foi o vídeo abaixo. A Mercedes utilizou galinhas para explicar o conceito de sua nova suspensão. Imagine o chassi do carro sendo a cabeça da penosa e as rodas como o corpo em si.
A Fórmula 1 foi uma das pioneiras a utilizar essa tecnologia. O carro da Williams FW14/FW14B de 1991 e a versão B de 1992 eram equipados com suspensão ativa, fazendo os outros carros do grid tradicional (Ferrari, McLaren, Benetton) parecerem verdadeiras carroças.
Em 1991 o carro só não levou o título por conta da ótima temporada que fazia Ayrton Senna, pilotando um carro visivelmente inferior ao da Williams. Em 1992 entretanto, a Williams-Renault se mostrou muito superior à McLaren-Honda de Senna, dando o título a Mansell. Desde então, devido a mudanças de regras da F1, as suspensões eletrônicas estão proibidas.
Williams FW14. Disponível em: Nigel Mansell Williams Fw14b
Referência foto de capa: “FW14B”, mvleonardo’s Bucket. Disponível em:
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